sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Imprensa britânica critica escolha para os altos cargos da UE


Bloco escolheu Herman Van Rompuy como presidente e Catherine Ashton como comissária de política externa
Gabriel Bueno, da Agência Estado






LONDRES - Jornais britânicos criticaram nesta sexta-feira, 20, as nomeações do primeiro presidente e da primeira chanceler da União Europeia, ocorrida em uma cúpula do grupo na quinta-feira, em Bruxelas. Parte da imprensa questionou o peso político dos nomeados, avaliando que eles poderiam ter dificuldades no cenário mundial.

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Os jornais também protestaram contra o processo secreto da seleção dos dois novos líderes. Um deles chegou a qualificar a ação como "um tapa na cara dos princípios fundamentais da democracia britânica".

Daily Mail qualificou a nova chanceler, Catherine Ashton, como uma desconhecida do Partido Trabalhista, e o novo presidente, o belga Herman Van Rompuy, como um federalista fanático que quer criar impostos. "A boa notícia? Pelo menos não é (o ex-primeiro-ministro britânico Tony) Blair", ironizou o diário. A Grã-Bretanha desistiu de sua campanha para eleger Blair o primeiro presidente da UE. Com isso, Van Rompuy acabou recebendo aprovação unânime no encontro em Bruxelas.

Financial Times disse que Van Rompuy e Catherine "iriam lutar para parar o tráfico (de pessoas) em suas próprias cidades" e que as nomeações podem lançar dúvidas se eles serão capazes de competir em Washington ou Pequim. "A escolha de dois relativamente desconhecidos...desaponta aqueles que queriam dar à Europa mais peso no cenário mundial", analisou o jornal. "Mais provavelmente o presidente dos EUA e o primeiro-ministro chinês continuarão a trabalhar com a Europa primariamente através de conversas bilaterais com Berlim, Londres e Paris", previu o diário.

The Guardian fez análise semelhante, afirmando que as nomeações atrapalham os planos da União Europeia de levar o mundo a prestar mais atenção no bloco. Segundo o Guardian, foi desperdiçada uma valiosa chance de ganhar peso diante do chamado G-2 (EUA e China).

O jornal espanhol El País também adotou linha semelhante, notando que foram escolhidas "figuras débeis" para o tamanho dos desafios que o bloco tem pela frente.

Os tabloides foram mais duros, notando o fato de que a dupla foi escolhida durante um jantar de líderes, e não eleitos pelos europeus. O subeditor de política do The Sun, Graeme Wilson, chegou a dizer que a falta de representatividade do processo mostra "novamente como esse desacreditado império europeu está podre até a raiz".

Já Philip Webster, editor do The Times, adotou uma postura mais sóbria e notou que o grande derrotado era Blair, que perdeu a disputa mesmo com o apoio do atual premiê britânico, Gordon Brown. Webster lembrou que o passado atrapalhou o ex-líder, por sua aliança com George W. Bush e o apoio à guerra no Iraque. O Times apostou que Catherine pode ter um bom desempenho no posto de chanceler, após construir uma reputação como comissária de comércio da UE de uma negociadora que consegue resultados. "Ela pode não parar o tráfico (de pessoas), mas é uma boa construtora de pontes e esse agora é o trabalho dela", avaliou um diplomata que pediu anonimato.



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