sexta-feira, 22 de maio de 2015

Há esperança depois da morte?






       Como uma indesejada e intrusa criatura, a morte deixa um rastro de dor e saudade por onde passa, suscitando nos corações a velha dúvida de sempre: há alguma esperança depois da morte? Será que esta questão já perpassou a sua mente, especialmente hoje, véspera do dia de Finados?
Embora você já tenha diversas vezes considerado que todas as pessoas (independente de posição social, convicção religiosa, sexo ou raça) estão sujeitas à morte, o que a transforma na mais democrática de todas as experiências, mesmo assim teme e treme só de pensar que um dia será a sua vez de enfrentá-la. Antes que esse dia chegue, porém, convém parar e pensar sobre a possibilidade de haver alguma esperança depois da morte, principalmente para não se deixar vencer pelo seu infortúnio nem ser consumido pela dor e tristeza que ela causa.
Amanhã, ao visitar os túmulos de familiares e amigos, quando bater forte a saudade, quando os olhos turvos e marejados de lágrimas buscarem na luz difusa uma réstia de esperança, decerto você poderá notar que o seu próprio coração anseia timidamente pelo dia em que possa olhar a morte face a face e dela não ter medo algum. Estes sentimentos, embora confusos e incertos, na verdade são a semente profética que Deus colocou no coração de cada um de nós, a esperança de que a morte não é o fim de tudo.
A Bíblia ensina que a morte penetrou no mundo por causa do pecado de nossos primeiros pais, quando desobedeceram a Deus e tornaram-se sujeitos a receber o “salário do pecado”, que é a morte (Gn 3.19; Rm 6.23).
A palavra morte, contudo, tem mais de um sentido na Bíblia, e é importante compreendê-los. Ficamos sujeitos à morte física, como está escrito: “Tu és pó e ao pó te tornarás”. Ficamos sujeitos à morte no sentido moral, pois depois do pecado de nossos primeiros pais, todos vieram a nascer com uma natureza pecaminosa, isto é, uma tendência inata de seguir seu próprio caminho egoísta, alheios a Deus e ao próximo. Há também a morte espiritual, quando o relacionamento com Deus é interrompido. Finalmente, a morte eterna, que é a separação de Deus para todo o sempre, o verdadeiro inferno.
Jesus Cristo veio ao mundo para nos libertar do poder do pecado e da morte. Jesus propiciou a única maneira de escaparmos da morte em todos os seus aspectos.
Observe o que diz a Bíblia a respeito: Jesus “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2Tm 1.10). Pela sua morte na cruz, Jesus reconciliou-nos com Deus e, assim, desfez a separação e alienação espirituais resultantes do pecado (2Co 5.18). Pela Sua ressurreição, Jesus venceu e aboliu o poder de Satanás, do pecado e da morte (Rm 5.18; 1 Jo3.8).
A prova da ressurreição corpórea de Jesus é irrefutável. Alguns historiadores referem-se a ela como o evento mais bem documentado da Antiguidade. É fato indiscutível que os discípulos de Jesus receberam um grande estímulo e foram transformados de discípulos assustados em corajosas e audaciosas testemunhas que não podiam ser silenciadas. A ressurreição é de importância tão crítica porque ela representa a pedra angular da fé cristã. Elimine a ressurreição, e o Cristianismo desmorona como um castelo de cartas.
Se Cristo não tivesse ressurgido corporeamente dentre os mortos, a Igreja já teria deixado de existir, a nossa pregação e a nossa fé seriam sem nenhum valor. Seríamos também os mais infelizes de todas as pessoas e ainda estaríamos mortos em nossos pecados (1Co 15.17-19). Desse modo, ainda estaríamos sujeitos à morte eterna.
Porém, Cristo venceu a morte, Ele ressuscitou! É por isso que o crente em Jesus encara a morte de modo diferente do que não crê. Para o crente, a morte não é o fim da vida, mas um novo começo. Neste caso, ela não é um terror, pois morrer é mais do que meramente partir, é ser liberto das aflições deste mundo e do corpo terreno para ser revestido da vida e glória celestiais.
É confortante o fato de a Bíblia referir-se à morte do crente nestes termos consoladores: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de seus santos” (Sl 116.15). É a entrada na paz e na glória (Is 57.1,2; Sl 73.24). É ir para a casa de nosso Pai, onde há “muitas moradas” (Jo 14.2). É uma partida bem-aventurada para estar “com Cristo”, sendo um “ganho incomparavelmente melhor” (Fp 1.21,23). É a ocasião de receber a “coroa da justiça” (2Tm 4.8). O céu é o nosso lar, um maravilhoso lugar de repouso e segurança, de convívio e comunhão com os santos e com Deus (Ap 6.11; Jo 14.2).
Embora o crente tenha grande esperança, mesmo ao encarar a morte, fiquemos absolutamente certos de que neste momento de memórias e lágrimas, é possível dizer, como Davi, no Salmo 23: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo”.
A morte não é o fim, mas convém que cada pessoa se prepare para enfrentá-la. A única esperança que vale a pena está em Jesus, que venceu a morte e ressuscitou. Aceitar a Jesus, ou rejeitá-lo, é o que definirá, finalmente, se você vai rir da morte, ou se ela zombará de você. Mas isso é você quem decide.
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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