O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, venceu por ampla maioria as eleições de domingo e se tornou o primeiro governante a ser reeleito consecutivamente no país desde o fim da ditadura, em 1979.
Com quase 40% das urnas apuradas, Ortega tem 64% dos votos, contra 29% do segundo candidato mais votado, o empresário Fabio Gadea. A mulher de Ortega, Rosario Murillo, que foi a coordenadora da campanha do marido, reivindicou a vitória nas eleições de domingo.
Foto: AFP
Partidários de Ortega comemoram sua vitória em Manágua, capital da Nicarágua (06/11)
"A todos os nicaraguenses afirmamos: contem com este governo que é de vocês, vocês estão escolhendo o comandante Daniel, estão votando para que sigamos todos juntos, pelo caminho do bem, com bom coração, deixando para trás ressentimentos, o ódio", declarou Rosario. "Esta é uma vitória do cristianismo, do socialismo e da solidariedade.”
Ortega detém forte popularidade construída a partir de uma série de programas sociais financiados com o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seu aliado. Os programas incluem melhorias na saúde e educação, financiamento para negócios e a entrega de casas ou animais à população pobre, como vacas ou galinhas.
Chávez e o líder cubano, Raúl Castro, felicitaram Ortega e se comprometeram a manter as estreitas relações bilaterais.
Milhares de pessoas saíram às ruas da capital, Manágua, para festejas a vitória do líder sandinista. Ortega se elegeu pela primeira vez presidente em 1980, depois que a insurreição sandinista, de esquerda, derrubou a ditadura de Anastacio Somoza. Em 2007 ele regressou ao poder, após 16 anos de governos de direita no país.
A candidatura do sandinista Ortega, que aparecia como favorito para ganhar em todas as pesquisas, foi qualificada por diferentes setores como "ilegítima, ilegal e inconstitucional", por causa de suas manobras legais para evitar a proibição constitucional que o impedia de aspirar à reeleição.
A Constituição da Nicarágua proíbe a reeleição imediata do presidente, mas os magistrados governistas da Corte Suprema de Justiça declararam inaplicável esse artigo, o que abriu caminho para Ortega vir como candidato.
O pleito foi vigiado por cerca de 200 observadores da OEA, da UE e um grupo de especialistas latino-americanos em eleições, além de cerca de 20 mil fiscais nacionais.
Segundo os observadores da OEA, em mais de 20 locais de votação dos 52 analisados houve expulsão de fiscais da oposição. Porém, a organização disse não ter constatado "anomalias relevantes" no fechamento das mesas de votação e acrescentou que "a presença" de seus delegados nos colégios eleitorais "se normalizou no transcurso do dia".
O Instituto Para o Desenvolvimento e a Democracia (Ipade), um dos organismos de observação nicaraguenses, informou que, em uma amostra de 1.274 mesas, foram vistos 23 fiscais da oposição serem expulsos, e apenas 25% delas contavam com os cinco fiscais como determina a lei eleitoral.
Outra fundação, a Ética e Transparência (EyT), filial na Nicarágua da organização Transparência Internacional, declarou ainda que a contagem dos votos não era confiável. Segundo o diretor da EyT, Roberto Courtney, entre 15% e 20% das mesas eleitorais funcionaram sem fiscais dos partidos de oposição, o que, segundo ele, constitui "um indício de fraude".
Uma hora após o fechamento das urnas, Courtney explicou que, ao não garantir os fiscais da oposição em todos os centros de votação, "o Estado ficou contando sozinho" os votos, o que torna a apuração "não justa, não honesta e não crível".
A Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH) emitiu um comunicado na noite de ontem denunciando, por sua vez, que em 80% das 1.200 mesas eleitorais visitadas por seus observadores havia funcionários incentivando os cidadãos a votarem em Ortega, além de pessoas favoráveis ao governo para intimidar os eleitores.
Com EFE, Reuters e AFP
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