O Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, na Suíça, cometeu pelo menos três graves erros ao revelar seu parecer à imprensa, afirma Pedro Estevam Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP.
O instituto trabalha no caso da brasileira Paula Oliveira que atribui um aborto de gêmeas e ferimentos pelo corpo ao ataque de um grupo de neonazistas em uma estação de trem em Zurique na última segunda-feira. O Instituto afirma que Paula teria se automutilado e que não estava grávida. A advogada Paula mora e trabalha na Suíça,
“Feriram o sigilo médico, que só pode ser quebrado por razões sociais”, explica o professor. O segundo erro, segundo ele, está na contradição das autoridades suíças: “Se a própria polícia suíça decretou sigilo no caso, o Instituto não poderia tornar públicos os laudos médicos que são parte da investigação. Eles nunca poderiam ter dado entrevistas antes da conclusão da investigação”.
Por último, Pedro Serrano comenta a precipitação do Instituto. “Emitiram opinião antes mesmo de terminar as diligências médicas e psiquiátricas. Não poderiam ter tirado conclusões antes que um psiquiatra a atendesse, pois a mulher está em estado de choque”.
Segundo ele, as declarações da perícia dão a impressão de que os suíços estão querendo imputar a culpa à vítima por razões nacionalistas. “Não vi até agora nenhuma autoridade suíça repreendendo o Instituto por essas declarações precipitadas. Algo deveria ser feito para contê-los.”
Para o constitucionalista, as autoridades brasileiras na Suíça deveriam contratar peritos particulares para examinar Paula e garantir que haja equilíbrio e transparência nas investigações. “É preciso que se faça um laudo imparcial para tirar essa impressão de armação contra uma brasileira na Suíça”, afirma Pedro Serrano.
http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/62040.shtml
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