Reflexões ditas nas 14 estações da Paixão pedem por reconciliação
AFP, Efe e The Guardian, ROMA
O tema das reflexões, ditas durante as 14 estações e escritas pelo arcebispo da Índia, Thomas Menamparampil, foi a violência. "Também hoje em dia somos testemunhas de violências incríveis: homicídios, violência contra as mulheres e crianças, sequestros, extorsões, conflitos étnicos, violência urbana, torturas físicas e mentais, assim como violações aos direitos humanos", denunciou.
Em uma das estações, quando Jesus encontra as mulheres de Jerusalém, o sofrimento do sexo feminino foi destacado. "Onde as mulheres são marginalizadas, ignoradas ou esquecidas, o futuro é incerto", disse. As reflexões também citaram Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Shakespeare e Dante Alighieri, além de lembrar tragédias como o tsunami de 2004 e as bombas atômicas. A conclusão foi que o enfrentamento e a violência não são a resposta, mas o amor, a persuasão e a reconciliação.
Hoje, o papa regressa à Basílica de São Pedro para a vigília de Páscoa, que antecede a missa na qual dá a tradicional bênção Urbi et Orbi - à cidade de Roma e ao mundo.
PROTESTOS
Antes, no Vaticano, o pregador da Casa Pontifícia, o franciscano Raniero Cantalamessa, criticou a campanha publicitária "Provavelmente Deus não existe: deixe de se preocupar e aproveite a vida", composta de cartazes colocados em ônibus em países europeus. Segundo ele, trata-se "talvez do desafio mais aberto" já feito à fé.
Ao comentar o lema, disse que "fica subentendida a mensagem de que a fé em Deus impede de desfrutar a vida, que é inimiga da alegria e que sem ela haveria mais felicidade no mundo", para em seguida afirmar que Cristo não veio para aumentar o sofrimento ou para pregar a resignação, mas sim para lhe dar um sentido e anunciar sua superação. Cantalamessa também afirmou que o ateísmo é um luxo "só dos privilegiados, que tiveram de tudo, inclusive a possibilidade de se dedicar aos estudos".
Na França, em Gap, chamou atenção uma escultura, exposta na catedral da cidade, que mostra Cristo em uma cadeira elétrica. Sobre a obra, Pietà, do escultor britânico Paul Fryer, o bispo local e organizador da exposição, Jean Michel di Falco, afirmou que "falar de polêmica é falso: o escândalo não está onde se pensa".
Segundo ele, a proposta era suscitar debate. "Queria que a comoção nos fizesse ter consciência do escândalo que é ter alguém pregado a uma cruz. Por hábito, não sentimos mais emoções reais diante de algo escandaloso como a crucificação."
No Reino Unido, o arcebispo católico de Westminster, Vincent Nichols, criticou o projeto de permitir a exibição na TV de anúncios de preservativos e de clínicas de controle da natalidade. Ele disse que os católicos deveriam se opor publicamente a essas propostas. Atualmente, apenas uma estação britânica, a Channel 4, pode transmitir anúncios de preservativos depois das 19 horas.
Segundo Nichols, um anúncio que adverte sobre os perigos de se contrair moléstias sexualmente transmissíveis no sexo sem proteção contribui para degradar os jovens. "Não creio que essas coisas possam ajudar os jovens a se compreenderem em sua própria dignidade."
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090411/not_imp353133,0.php
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