Algumas operações são mais caras em bancos públicos
Fernando Nakagawa, BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (BB) esperam anunciar hoje taxas de juros mais baixas. Só aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). O juro oficial e o cobrado das pessoas e das empresas é tema de uma reunião, hoje, entre dirigentes dessas instituições e o presidente Lula.
O governo quer que os bancos públicos liderem a queda do juro na ponta. Levantamento do Banco Central entre 31 de dezembro e 7 de janeiro mostra que essas instituições continuam com taxas semelhantes às dos bancos privados em muitas operações. Essa situação tem causada desconforto em parte do governo.
A desvantagem é mais evidente nas linhas de crédito para as empresas. Em uma das operações mais comuns, de financiamento de capital de giro prefixado, o juro médio do BB está em 2,47% ao mês, maior que o do Itaú Unibanco e Safra. A Caixa cobra 2,20%, mais que o Citibank.
Nas operações para as famílias, as instituições públicas têm taxas mais vantajosas. No crédito pessoal, Caixa e BB chegam a cobrar metade do juro de alguns concorrentes.
Mas, no socorro mensal de muitos brasileiros, o cheque especial, a vantagem não é tão grande. A Caixa cobra 6,73% ao mês e tem a menor taxa entre os grandes. O BB, no entanto, cobra 8,14%, mais que Bradesco e Safra e próximo do Itaú Unibanco, que cobra 8,63%.
O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores do Banco do Brasil, Aldo Luiz Mendes, argumentou que o levantamento não conseguiu captar todas as reduções de juros anunciadas pela instituição nos últimos três meses. Segundo ele, a taxa já está mais baixa.
Desde novembro, o banco cortou os juros três vezes, a última em 2 de janeiro, no meio do período da pesquisa. "E estamos aguardando o movimento do Copom para, eventualmente, ajustar novamente a tabela. Aguardando para ver a intensidade do ajuste", disse.
O Estado apurou que o banco federal está concluindo os cálculos e trabalha com novas tabelas que devem ser anunciadas após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Os cenários preveem o corte de 0,50 ponto, 0,75 ponto e até 1 ponto porcentual. Essas tabelas devem ser apresentadas ao presidente Lula durante a reunião.
Situação parecida ocorre na Caixa. Na semana passada, o vice-presidente de Finanças do banco, Márcio Percival, disse que a instituição preparava pacote com taxas de juros mais baratas. Como o BB, a Caixa deve divulgar a nova tabela conforme a decisão do BC.
Apesar da pressão do governo, o professor de finanças da FEA/USP Roy Martelanc disse não acreditar que os juros devem cair de forma rápida e relevante no curto prazo. Um dos obstáculos para a redução mais acelerada das taxas de juros, disse o especialista, é a necessidade que essas instituições têm de obter lucro para o governo federal.
"Se o banco público cobra menos, o lucro vai ser diminuído. Isso prejudica o cumprimento da meta de superávit primário. Para mudar a lógica, seria preciso diminuir a exigência de geração de superávit desses bancos", defende.
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090121/not_imp310382,0.php
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