RIO e ANGRA DOS REIS - Em vez do barulho das máquinas para retirada dos entulhos, o Morro da Carioca amanheceu aos cânticos da missa de sétimo dia em lembrança às vítimas dos deslizamentos de terra que deixou 21 mortos somente na comunidade. Cerca de 150 pessoas compareceram à celebração, que foi realizada em frente a Bica da Carioca, um ponto com construção histórica aos pés do morro. O governador Sérgio Cabral e os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, chegaram em Angra no fim da manhã. À tarde, eles também sobrevoarão a Baixada Fluminense e farão uma reunião com todos os prefeitos da Baixada na Reduc, em Duque de Caxias.
As buscas pelas duas vítimas que ainda estão desaparecidas - uma na comunidade e outra na Enseada do Bananal - devem recomeçar a qualquer momento.
O padre que celebrou a missa havia batizado duas vítimas da tragédia. Todos os presentes estavam muito emocionados. Foi pedido que as pessoas falassem alto o nome de vítimas da tragédia. Um dos citados foi o de Yumi Faraci, filha dos donos da Pousada Sankay que morreu na Ilha do Banal.
- Apesar de todo esse sofrimento e destruição, a palavra de Deus fala que Jesus venceu a morte. Na celebração, passamos uma mensagem de esperança para que as vítimas do deslizamento consigam reconstruir suas vidas - disse o padre.
Também nesta quinta, o comandante do Corpo de Bombeiros de Angra, Jerri Andrade, recebeu Jorge Carvalho, pai da adolescente Alessandra Carvalho, de 11 anos, que continua desaparecida. O comandante prometeu não encerrar as buscas enquanto não encontrá-la. Cães farejadores serão utilizados nos escombros do Morro da Carioca e no Centro da cidade, para onde está sendo levado o entulho. Os bombeiros farão buscas também em um córrego porque há a hipótese de a enxurrada ter levado a adolescente para esse curso d'água.
Nesta quarta, os corpos de mais duas vítimas que morreram no deslizamento de terra na Enseada do Bananal, em Ilha Grande, Angra dos Reis, foram enterrados em Arujá, na Grande São Paulo. Fernanda Muraca, de 27 anos, foi enterrada no Cemitério Central e Manuela Rodrigues Netto, de 33 anos, no Pousada da Paz, a 7 quilômetros do centro da cidade. As duas foram encontradas na terça-feira pelos bombeiros. Elas foram as últimas a serem enterradas de um grupo de 13 pessoas de Arujá que morreram no local durante o réveillon. O resgate de Fernanda e Emanuela foi o mais difícil. Elas foram encontradas cinco dias depois do acidente debaixo de galhos e entulhos. Os bombeiros conseguiram achar os corpos com a ajuda de um dos sobreviventes, que indicou o provável local onde as duas poderiam estar.
Devido a riscos de novos desabamentos, a secretaria estadual do Ambiente informou nesta quarta-feira que o número de demolições pode chegar a três mil.
A Defesa Civil já tem pistas de onde pode estar o corpo de Roseli Marcelino Pedroso, de 34 anos, que continua desaparecida no Bananal. Uma criança, que desapareceu no Morro da Carioca, também não foi encontrada. Segundo o secretário de Saúde e Defesa Civil do estado, Sérgio Côrtes, através de fotografias feitas antes da tragédia, a Defesa Civil já tem a definição de onde ficava a casa de Roseli. Até agora, são 31 mortos em Ilha Grande e 52 em todo o município de Angra. O Rio é a cidade do país com o maior número de vítimas fatais desde o início do período de chuvas, em dezembro: 74.
- Temos fortes indícios de que seu corpo está sob uma pedra que rolou do alto da montanha de cerca de 3 toneladas. Estamos cavando no entorno dessa pedra para tentar entrar por debaixo dela e procurar o corpo -explicou o secretário.
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